
Sebastião Salgado morreu aos 81 anos em Paris, França, nesta sexta-feira (23). Considerado um dos maiores fotógrafos do mundo, o brasileiro construiu seu legado ao eternizar cenas históricas de guerra, pobreza e injustiça social.
A informação foi divulgada pelo Instituto Terra, fundado por Sebastião Salgado e a esposa, Lélia Wanick Salgado. O fotojornalista brasileiro sofria de problemas de saúde decorrentes da malária, que contraiu em 1990.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”, afirmou o Instituto Terra.
“Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, completou.
Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Salgado acumulou prêmios ao redor do mundo, como Hasselblad, Oskar Barnack e Jabuti. Ele deixa a esposa, os dois filhos Juliano e Rodrigo e os netos Flávio e Nara.
Indicação ao Oscar e ambientalismo: relembre a carreira de Sebastião Salgado 4l2x69
Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Sebastião Salgado iniciou sua carreira na França aos 29 anos, quando fez os primeiros registros da Revolução dos Cravos.
O fotojornalista trabalhou para o jornal New York Times e foi convocado para cobrir os primeiros 100 dias do presidente Ronald Reagan em 1981.
As célebres fotografias em preto e branco são fruto de viagens por mais de 120 países. Ao longo de 50 anos de carreira, ele se dedicou a retratar a condição humana e a relação entre natureza e humanidade.
Entre as imagens mais impactantes, estão os garimpeiros em Serra Pelada, no Pará, durante a febre do ouro na década de 1980. Os trabalhos foram reunidos em 12 livros, dentre Trabalhadores (1996), Serra Pelada (1999), Êxodos (2000) e Gênesis (2013).
O filho Juliano Salgado, de 51 anos, é cineasta e dirigiu um documentário sobre o trabalho do pai em 2024, ao lado do alemão Wim Wenders. O Sal da Terra foi indicado ao Oscar de melhor documentário em 2015.
Ao lado da esposa, Sebastião Salgado fundou o Instituto Terra em 1998, uma organização não governamental dedicada à recuperação ambiental em Minas Gerais.
O Instituto istra a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Fazenda Bulcão em Aimorés, cidade natal do fotógrafo. A iniciativa já reflorestou mais de 600 hectares na região, através do plantio de 2,7 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica.