
Sebastião Salgado morreu aos 81 anos em Paris, na França, nesta sexta-feira (23). Considerado um dos maiores fotógrafos do mundo, o brasileiro escolheu retratar guerras, povos isolados e injustiças sociais em preto e branco.
Para Salgado, o uso monocromático era uma escolha estética e técnica que remontava à fotografia analógica e ao melhor controle na edição das imagens.
Ele acreditava que a cor não era essencial para representar a vida. Ao contrário, o preto e branco ajudava a traduzir emoções e a evitar distrações visuais.
Sebastião Salgado via o mundo em preto e branco: “a cor pouco me interessa” j6b24
Em diversas entrevistas, Salgado explicou os motivos por trás da sua escolha. Na biografia publicada em 2014, “Da minha terra à terra”, ele afirmou que “a cor pouco o interessava”.
“Não preciso do verde para mostrar as árvores, nem do azul para mostrar o mar ou o céu. […] Utilizei-a no ado, essencialmente por encomenda de revistas, mas, a meu ver, ela representava uma série de inconvenientes”.
Para o fotógrafo, o preto e branco permitia sentir a natureza, se conectar mais profundamente com os seres humanos e os animais retratados. Ainda assim, ele itia que essa escolha também trazia desafios técnicos.
“Quando fui aos universos brancos da Antártica e, sobretudo, da Sibéria, por menos que o sol apareça, escondido entre as nuvens, sempre falta relevo às imagens. As cópias precisam ser trabalhadas para adquirir profundidade. Mas, no fim, o resultado é de fato belo”.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Salgado explicou que as cores podiam atrapalhar a narrativa de uma imagem. “No momento em que eu presto mais atenção ou me preocupo com a cor, como na camiseta vermelha de uma garota, posso ter perdido o mais importante, a sua expressão”.

Já em 2017, à RFI Brasil, afirmou que, para ele, “o mundo era preto e branco”. Fotografar assim era uma forma de sair da agitação cotidiana e dedicar seu tempo à dignidade das pessoas.