
Ponto de comércio desde o início da Vila de Nossa Senhora do Desterro, de encontro da comunidade, palco de manifestações políticas, comícios, apresentações culturais e um dos atrativos turísticos da Ilha de Santa Catarina, o Largo da Alfândega, por muitos anos, não teve a manutenção e investimentos adequados e à altura de sua importância histórica e cultural.
Na comemoração dos seus 349 anos nesta quarta-feira (23), no entanto, Florianópolis recebe de presente um novo espaço, por meio do investimento do Fort Atacadista, que adotou o local. Focadas na valorização deste patrimônio municipal, da cultura açoriana e história da capital catarinense, as obras são um novo impulso para que o local resgate seu protagonismo no Centro de Florianópolis e sua importância histórica.
Campanha de conscientização z64y
De acordo com Silvia Marquez, coordenadora regional de marketing do Fort, o ambiente terá seus cinco espelhos d’água e o seu projeto de paisagismo revitalizados. Também será feita a manutenção mensal destes equipamentos.“O Fort Atacadista busca constantemente essa conexão com a comunidade, por isso tem entre suas prioridades o cuidado com os espaços de convivência que são importantes para os moradores. Queremos estar presentes nesses locais, ajudando a construir uma cidade melhor para todos. Com esse objetivo, a empresa contribui agora para a manutenção deste patrimônio que é o Largo da Alfândega, tão conhecido e querido pelo cidadão florianopolitano”, afirma.
A proposta, ela explica, é entregar um ambiente revitalizado para o público e criar uma grande campanha de conscientização para que a população valorize e cuide do local, em conjunto com poder público. “Todo esse trabalho de revitalização é o primeiro o desse grande projeto de reposicionamento do Largo da Alfândega. Nossa intenção é melhorar a experiência do cidadão para que ele desfrute desse espaço de maneira segura e confortável”, explica.
Memória e cultura estampadas no espaço 3e3y3g

Os visitantes do Largo da Alfândega também poderão saber mais sobre a história da capital catarinense e da cultura açoriana por meio de um material informativo.
Com ilustrações do artista Jesus Fernandes e texto de Sérgio Ferreira, os conteúdos ficarão expostos em cinco totens, que falarão sobre cinco temas que têm uma forte relação com a cidade e sua cultura. Cada totem tem um parágrafo curto falando sobre o assunto e um QR Code, por meio do qual é possível ar e aprofundar as informações em um site. “Dá para ar e conhecer até benzeduras”, Ferreira dá dica.
“O primeiro destes totens fala do mar, da pescaria, da maricultura, dessa nossa relação tão forte com ele. O segundo é sobre a terra e aborda a produção da farinha de mandioca, tão importante, o café e produtos que eram plantados na Ilha, quando a cidade era autossuficiente em gêneros alimentícios. O terceiro traz os principais tipos de artesanato, sobretudo a renda de bilro e a cerâmica de olaria. O quarto é sobre o folclore e traz o boi de mamão, o pau de fita, cntre outras manifestações. E por último temos a religiosidade, que lembra a importância da Festa do Divino Espírito Santo, a procissão do Senhor dos os, Nossa Senhora do Rosário e São Benedito”, esclarece o historiador.
Memória da Ilha de Santa Catarina 5g164t

Localizado à beira-mar, o espaço que abriga o prédio da Alfândega era a ponte do antigo povoado de Nossa Senhora do Desterro, fundado em 1673, com o mundo, ponto de chegada e partida de mercadorias que vinham para a cidade de países como os Estados Unidos, França e Alemanha. Pela grande movimentação criada por esse comércio, a região sempre teve uma relevante importância histórica e alavancou o desenvolvimento do município.
“O mar era o principal meio de locomoção até meados dos anos 1970, então todos chegavam a Desterro pelo mar. Ali onde hoje é a praça 15 era o Largo do Palácio, onde chegavam as embarcações, inclusive havia um trapiche. Primeiro foi uma estrutura mais precária, depois, em 1928 foi construído o trapiche municipal, o Miramar, que foi derrubado em 74 quando foi feito o aterro ali. A Alfandega ficava a uma quadra desse largo do Palácio e tinha essa função fiscalizatória, de cuidar para que não houvesse contrabando, do que entrava e saída da Ilha e o Mercado Público ficava exatamente nesse largo. A Alfandega foi construída em 1870 e o mercado público em 1899, então, em função disso, essa parte comercial que ficava no coração da cidade, desvia-se um pouco para ali”, explica o historiador Sérgio Ferreira.
Com a implantação do aterro da baía Sul, na década de 1970, a frente do prédio da Alfândega ganhou uma grande área ampla, da praça Fernando Machado até o Mercado Público, que se tornou uma praça, o Largo da Alfândega.