Nem tudo foram “risos e alegrias” neste Carnaval. Também tivemos uma perda muito lamentada no cenário do rock e da música mundial. Morreu no domingo, em Berlim, aos 74 anos, vítima de um câncer, o cantor Damo Suzuki.
Figura das mais carismáticas, foi vocalista da influente banda alemã Can (de 1970 a 1973), que fez parte do movimento kraut rock, e depois empreendeu uma linda carreira solo percorrendo o mundo conectando arte e música e veio parar até em Florianópolis.

Então é essa homenagem que eu presto a esta grande figura, relembrando a sua visita a Floripa, para um show alucinante no teatrinho do SESC Prainha, em 03 de junho de 2009, por ocasião do 17º Festival de Música Livre.
O registro do show é do Peter Gossweiller, outra figura incrível que morou aqui em Florianópolis e foi responsável por movimentar uma cena muito interessante da música incidental/espontânea/improvisada. Também produziu o Música Livre.
Dan sempre foi um artista de vanguarda, um intenso experimentador sem limites de tempo e espaço. Percorria diversos países promovendo encontros com artistas locais, sejam em bares, teatros e nas ruas – até porque, o convite para ele integrar o Can parte dos seus futuros parceiros de banda que o encontraram o cantando numa estação de metrô em Berlim.
Damo Suzuki promoveu catarse com artistas de Floripa 3z1n5m
O show foi uma catarse explosiva. Damo liderou uma frente de músicos da Capital que ele nunca tinha visto, se reversando naquela improvisação quase que ritualística: Guilherme Zimmer (Ambervisious), Gabriel Orlandi, Eduardo XuXu, Cassiano Fagundes, todos da Cassim & Barbária (de raízes do kraut rock), Gurcius Gewdner (Os Legais), Manolo Kller, Peter Gossweiller e Batavinho.
Quem esteve lá sabe o que foi aquela situação e as grandes histórias que o atencioso Damo rendeu na sua breve agem. A jornalista Adriana Maria Fernandes lembra que até convite para morar em Floripa ele recebeu – com morada no Campeche.
Eu digo que este show está entre as cinco melhores experiências da minha vida. A outra foi o show do Motörhead em 2011. Nos dois casos, pela atmosfera delirante com tanta gente boa da cidade reunida – numa para tocar, na outra para assistir, nas duas para pirar.
A vida é assim. Surge e finda em seus improvisos.