Os carros alegóricos costumam ser uma atração à parte nos desfiles de Carnaval. Com imponência que encanta crianças e adultos, estas cenografias despertam inúmeras dúvidas acerca da construção e do funcionamento na avenida.
O ND+ conversou com especialistas no assunto para entender melhor como essas máquinas, que começam a ser construídas com grande antecedência aos desfiles, são confeccionadas e se movem.
Os carros alegóricos são atrações à parte nos desfiles de Carnaval e encantam crianças e adultos – Foto: Marco Antonio Teixeira/ND
Em uma escola de samba, cada setor e cada segmento tem funções específicas para tornar o espetáculo do Carnaval realidade. Em se tratando dos carros alegóricos, eles têm a função de traduzir, através de arranjos visuais, a história do enredo que será apresentado.
No Brasil, o primeiro carro alegórico desfilou durante o Carnaval de rua carioca, no dia 28 de fevereiro de 1854, movido à tração animal. A alegoria estava enfeitada com adereços e repleta de foliões.
Com o ar dos anos, o Carnaval se “profissionalizou”, virou fonte de renda e emprego e precisa de um verdadeiro batalhão de profissionais para acontecer. No caso dos carros alegóricos, esses trabalhadores se dividem entre construção, preparação e decoração. São serralheiros, soldadores, artesãos, costureiras e pintores para criarem da estrutura ao acabamento.
Estrutura dos carros alegóricos 6n316o
Os carros alegóricos têm como base estrutural chassis de veículos de grande porte como caminhão ou ônibus. A depender do projeto, esses chassis até precisam ser alongados para ficar no tamanho ideal de acordo com o projeto.
Além da base, as estruturas que sustentam os desenhos e moldes do carro alegórico também são feitas de ferro e essenciais para o funcionamento e a imponência dos carros. As estruturas contam com um sistema de suspensão de caminhão para ar e acomodar todo o peso.
Decoração dos carros alegóricos 54309
Para decorar um carro alegórico e compor a estrutura que pode chegar a 12 metros de altura e 11 metros de comprimento, as escolas de samba utilizam diversos materiais. Para “esconder” as ferragens da estrutura são usados vários metros de lona plástica, que depois são cobertos com outros materiais de decoração.
Na confecção também entram tecidos diversos, isopor em grande quantidade, papel, madeira, tinta e muitos outros aviamentos. Alguns materiais até podem ser reutilizados de um Carnaval para o outro, mas precisam ser armazenados em local seco e coberto para não danificar.

Para criar os espaços nos carros alegóricos destinados aos istas, são construídos assoalhos de madeira para dar sustentação e segurança ao longo desfile.
Como os carros alegóricos se movimentam na arela 2e3zu
Para percorrer os 750 metros de extensão do Complexo Nego Quirido, os carros alegóricos precisam ser empurrados durante todo o desfile. Para realizar a tarefa difícil, tendo em vista que só a estrutura pode pesar cerca de duas toneladas, até 20 pessoas atuam nesta função.
A movimentação e a mudança de direção dos carros alegóricos podem ser feitas de duas maneiras. Uma delas é com volante e a caixa de direção idêntico a dos veículos. O outro método é através de um sistema de cambão para reboque de veículos.
Ambos os sistemas têm o mesmo objetivo: direcionar a alegoria para a esquerda ou direita durante toda a extensão da pista de desfile. O sistema com direção não muda nada, é como se o “motorista” estivesse dirigindo um carro gigante.
Já no sistema de cambão, um operador se posiciona em cada eixo do carro alegórico e, com uma barra de ferro, empurra o eixo e direciona o carro alegórico. Essas duas opções atendem muito bem o propósito, cabendo a cada escola de samba escolher o método a ser adotado.