É no Norte da Ilha de Santa Catarina, mais especificamente em Canasvieiras, que estão dois espaços conhecidos como ‘Caminho do Rei’ no decorrer da história de Florianópolis. Quem conta a história desses dois lugares ao Floripa 350 é o guia de turismo Geovane Altair da Silva. Ele conhece muito bem a região e os causos que estão por trás desses caminhos. Confira!
Guia turístico Geovane Altair da Cunha na saída da praia de Canasvieiras, no antigo Caminho do Rei – Foto: Leo Munhoz/ND
Um dos caminhos hoje tem o nome de rua Doutor José Bahia Bittencourt, virou uma via larga, asfaltada, cheia de condomínios e casas pomposas. É o primeiro o à praia de quem segue no sentido Jurerê-Canasvieiras, já bem próximo às pedras da orla.
Já o outro ‘Caminho do Rei’ é uma trilha bem fechada em meio à mata nativa, no alto do morro da Praia Brava. São cerca de sete quilômetros, desde o Mirante da Praia Brava até o Mirante da Cachoeira do Bom Jesus, com uma vista do Norte da Capital de tirar o fôlego.
Encontramos com o guia de turismo Geovane Altair da Silva na orla de Canasvieiras, no o da rua Doutor José Bahia Bittencourt à praia. Foi ali que ele começou a contar sobre a história dos caminhos.
Caminho do Rei, hoje rua Doutor José Bahia Bittencourt liga a praia a rodovia Tertuliano Brito Xavier- Foto: Leo Munhoz/ND“Diz a história que ao saber da visita de Dom Pedro 2º a Florianópolis, na época ainda chamada de Desterro, os es da vila mandaram abrir uma ‘picada’ (um o) para ligar a praia de Canasvieiras à antiga Igreja São Francisco de Paula”, conta da Silva. E assim foi feito. Esse o em meio a mata ficou chamado de Caminho do Rei.
“Estava tudo pronto para a chegada de Dom Pedro 2º. A ideia era que ele aportasse aqui para ir com sua comitiva até a igreja. Mas uma tempestade teria frustrado os planos da majestade, que decidiu seguir viagem até a região central da Ilha. Ou seja, o Caminho do Rei jamais recebeu a visita de Dom Pedro 2º”, explica Geovane Altair da Silva.
Por muitos anos o local ficou conhecido como Caminho do Rei, até que uma lei municipal adotou o nome de Doutor José Bahia Bittencourt – médico sanitarista, especializado em pediatria, vereador de Florianópolis e deputado estadual por três mandatos – para a rua.
Representante comercial Liz Leal é a favor de modificar o nome da rual, para que ela volte a se chamar Caminho do Rei – Foto: Leo Munhoz/NDA representante comercial Liz Leal, 48 anos, mora em um dos condomínios da rua Doutor José Bahia Bittencourt há oito anos. Ela adora o local, que está sempre limpo e bem cuidado, mas sente falta da referência histórica do espaço como Caminho do Rei.
“Temos conversado com a prefeitura para rever o nome da rua. Todos conhecemos esta rua como Caminho do Rei, mas não há nenhuma referência por aqui. É um local histórico, poderia ter uma placa e continuar se chamando Caminho do Rei”, sugere a moradora.
Trilha com vista incrível das praias do Norte da Ilha 2m4i5g
Vista da Praia de Canasvieiras na trilha do Caminho do Rei – Foto: Geovane Altair da Silva/Divulgação/NDNo encontro da rua Doutor José Bahia Bittencourt com a área da praia de Canasvieiras, é possível avistar à direita os morros por onde a o outro Caminho do Rei. A trilha considerada de dificuldade mediana é bastante visitada pelos aventureiros da Capital.
“São cerca de sete quilômetros de subidas e descidas nas cristas dos morros entre o Mirante da Praia Brava e o da Cachoeira do Bom Jesus. Dizem as lendas que o caminho na mata foi aberto para que as pessoas que moravam por ali conseguissem ar à praia de Canasvieiras para reverenciar o rei, na visita que ele faria”, explica o guia de turismo Geovane Altair da Silva.
Mas ele faz uma ressalva. “Também temos outros registros históricos que falam que, durante a invasão espanhola na Ilha (1.777), muito antes da visita de Dom Pedro 2º, os espanhóis colocaram suas equipes em cima do morro (na trilha) para ter uma vista privilegiada dos os à região pelo mar, e assim se protegerem. Então, a trilha do Caminho do Rei pode ser bem mais antiga”, pontua.
Deu para perceber que não faltam histórias sobre os dois ‘Caminhos do Rei’. Então, que tal aproveitar para visitar a região e se aventurar na trilha? “O que não irão faltar são imagens lindas da natureza que é tão generosa com nossa cidade. Venham conhecer os caminhos do rei. Vocês irão se surpreender”, finaliza o guia de turismo.
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O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.
