
Muito além de uma obra, o grafite surgiu há mais de 60 anos nos guetos de Nova York, com jovens periféricos, como um movimento organizado que faz interferências urbanas e utiliza os espaços públicos para a mobilização e crítica social. A mobilização se popularizou e hoje está presente em todos os países do mundo. Há pelo menos cinco anos essa arte, que já era praticada por grafiteiros locais há mais de 20 anos em Florianópolis, ganhou visibilidade na cidade, quando enormes painéis e murais de artistas locais aram a se multiplicar pelas ruas, casas e edifícios.
Agora, a manifestação artística ajuda crianças e adolescentes do bairro Monte Cristo, na Capital, se expressarem de forma coletiva e dialogar com a comunidade onde vivem. A oficina é realizada há nove meses por meio do programa Bairro Educador, da Prefeitura de Florianópolis.
Outro benefício da iniciativa, ressalta Sara Duarte Mateos, a Sari, educadora da oficina, é o fortalecimento de vínculos com a comunidade. O objetivo, ela acrescenta, é apresentar a cultura hip hop e seus pilares, dando ênfase e destaque para o grafite e suas vertentes (mural, sticker, lambe lambe e stencil). “Utilizar as diversas técnicas e manifestações artísticas da arte urbana e as linguagens dessa cultura como ferramentas de arte educação e transformação social, despertando o olhar e a leitura para a cidade”, explica Sari.
A ação também visa proporcionar às crianças e adolescentes vivência e diálogo com técnicas de arte contemporânea e incentiva o pensamento inovador.

A educadora lembra ainda a importância da participação dos estudantes em eventos realizados no município, como a inauguração do restaurante popular em março deste ano, onde foi construído um de grafite colaborativo com os participantes das sedes do programa no Monte Cristo e no Morro do Mocotó.

Em abril, a arte dos participantes das duas oficinas também pôde ser conferida em um realizado durante o evento Páscoa Solidária, da Chico Mendes. Além destas conquistas, eles também estiverem presentes na Sopa de Letras Itinerante Edição Sul, do Agenda Urbana, um encontro nacional de grafite que reuniu mais de 70 artistas em um mural no Norte da Ilha. “É importante a participação deles nestes eventos, pois através do programa Bairro Educador, as crianças e adolescentes têm a oportunidade de aprendizagem e fortalecimento de vínculos em vários ambientes e locais da cidade”, esclarece ela.
O programa é aberto à comunidade de Florianópolis e região, basta se matricular com o F (Cadastro de Pessoas Físicas).

Incentivo ao esporte 473d19
O esporte também tem proporcionado mais qualidade de vida e impulsionado crianças e adolescentes do bairro Monte Verde, em Florianópolis, a praticar mais exercícios físicos e a oportunidade de aprender e tentar uma carreira profissional como atletas. Desde agosto de 2021, cerca de 40 alunos, de 8 a 15 anos, participam da oficina de basquete 3X3 do Bairro Educador.
O professor, educador físico e atleta de basquete 3X3 João Vitor Ferreira Wasdestilha destaca a evolução dos estudantes que fazem parte do grupo nestes nove últimos meses, tanto na parte física, quanto técnica. “Também são muito importantes os resultados registrados na parte de socialização, união, respeito, consideração e liderança”, ressalta.
Segundo ele, os participantes estão desenvolvendo habilidades, liderando o esporte e muitos já estão aptos a praticar e competir na modalidade. “Alguns no sub 12, outros no sub 15, estão com um nível bem elevado no esporte”, explica.
Movimento cultural 362s1x
O professor de basquete 3X3 conta que, por meio das atividades da oficina, as crianças e adolescentes já presenciaram uma competição de alto nível, realizada na avenida Beira-Mar Norte, entre adultos e pessoas com deficiência, voltado à divulgação do esporte e à inclusão social. “Eles tiveram o privilégio de entrar na quadra no final da competição, conhecer os atletas que jogam profissionalmente e estão ali em prol do basquete, foi muito bacana e muito bom para eles”, afirma.

Wasdestilha antecipa que o foco, a partir de agora, é levar essas competições ao Monte Verde, para o projeto e, futuramente, levar esses atletas para fazer apresentações para as crianças e adolescentes. “Criar, mesmo, um movimento cultural no bairro, que envolva hip hop, arte, basquete 3X3”, diz.
A oficina, acrescenta o educador físico, pode ser a ponte para uma futura carreira profissional no esporte. “Estamos abrindo escolinhas de basquete 3X3 na cidade. A intenção é ainda identificarmos os alunos mais habilidosos e os encaminhar para essa escolinha, para dali eles já saírem para um caminho de rendimento mesmo, para equipes profissionais”, reforça.
O esporte 3f43s
O basquete 3×3, sendo uma modalidade coletiva, é considerado uma cultura de rua, praticado em quadra abertas em parques ou praças. O ritmo de jogo tem regras adaptadas para estimular o tempo de reação (pensar rápido), um jogo de dinamismo e cooperação que influencia no bem estar físico e no comportamento de uns com os outros, consigo mesmo e com o território.
A prática também incentiva e proporciona outros valores sociais como o carinho com o próximo, cuidado, respeito, felicidade, honestidade. Auxilia também na parte socioafetiva, desenvolvendo a cognição, o agir de maneira correta e fortalece os vínculos entre as pessoas e destas com as comunidades em que estão inseridas.

Sobre o Bairro Educador 5e3l23
Há dez meses, o projeto Bairro Educador é desenvolvido na capital catarinense, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos estudantes do município de Florianópolis, por meio de oficinas educativas, culturais e esportivas, para ampliar os repertórios educativos das crianças e adolescentes das comunidades onde estes grupos foram formados.
Bruno Becker, superintendente do programa, ressalta que, no momento, ados dois anos desde o início da pandemia de Covid-19, e com a retomada das aulas 100% presenciais nesse ano, o programa reforça o apoio pedagógico, que auxilia todos os alunos, principalmente os que estão em fase final de alfabetização, nessa complementação dos estudos.
Além desse reforço pedagógico, a iniciativa promove atividades culturais, esportivas e de lazer, que ajudam no desenvolvimento das crianças e adolescentes que participam das oficinas em sua integralidade, na autoestima e na saúde mental, em horário contrário ao das aulas.
“Buscamos muito o fortalecimento dos vínculos e laços com a família, procuramos envolver toda a família nestas atividades e temos trabalhado muito também o resgate à cultura, às raízes, com a oficina de boi de mamão, capoeira. O município está ocupando estes espaços que anteriormente não recebiam tantos investimentos. Alguns reflexos destas nossas ações já estamos observando, vários estudantes já estão se destacando no esporte, por exemplo, e outros veremos a longo prazo, quando estes alunos forem ao mercado de trabalho e registramos a redução da violência nestas comunidades”, avalia o superintendente.
Oficinas ampliadas no segundo semestre 4y2o2w
Hoje, são promovidas oficinas em quatro bairros da Capital, Morro do Mocotó, Mariquinha, Monte Verde e Monte Cristo. Mas a intenção, segundo Becker, é ampliar essas localidades para 12 já no segundo semestre deste ano. “Desta forma, poderemos atender todas as regiões de Florianópolis, Continente, Centro, Norte, Sul e Leste. Essa expansão já está em fase avançada e prevemos ter duas sedes no Norte da Ilha, cinco no Centro, pois o maciço do Morro da Cruz é uma área que precisa de mais atenção, e duas na região Sul”, afirma.
A escolha dos locais para as sedes e das atividades envolvidas, esclarece o superintendente, é feita de acordo com as áreas identificadas pelo mapa de vulnerabilidade de Florianópolis, onde se concentram as famílias de mais baixa renda e há mais necessidade de investimentos do poder público.
“Nestes locais, conversamos com lideranças comunitárias, associações de moradores locais, definimos as atividades e contratamos os profissionais, valorizando também as iniciativas que já existem nestas comunidades. Buscamos ainda trazer lideranças locais para atuar na oficina, nos ajudar nas atividades”, diz.
A única atividade obrigatória em cada oficina, de acordo com ele, é o apoio pedagógico, em cada oficina, há um coordenador e um coordenador pedagógico que desenvolve a metodologia de cada sede, para cada atividade.
Podem participar das oficinas do Bairro Educador crianças a partir de seis anos, jovens e adultos. Atualmente, a iniciativa atende 1.029 moradores da Capital.
Quem estiver em idade escolar precisa estar matriculado em uma instituição de ensino para fazer parte dos grupos. Se houver vagas, a criança ou adolescente a a frequentar as aulas imediatamente.
Endereços e telefones do Bairro Educador 5x1q6j
- Endereço: Rua Conselheiro Mafra, n° 656 – 5º Andar – Sala 502, Centro, Florianópolis
- Tel.: (48) 3251-6130
Superintendente do Programa Bairro Educador – Bruno Borges Becker 2e2k4f
- E-mail: [email protected]
- Tel.: 3251-6130/
Sede Monte Cristo t2o3h
- Endereço: Servidão Maria Salete Dutra, n° 127. Monte Cristo – Florianópolis
- Tel.: 99129-2624
Sede Monte Verde 4q4b6b
- Endereço: Rua Guaramirim, n° 170, Monte Verde – Florianópolis
- Tel.: 99175-5672
Sede Morro da Mariquinha 4n6t13
- Endereço: Rua Laura Caminha Meira, 286, Centro – Florianópolis
- Tel.: (48) 98506-0816
Sede Morro do Mocotó 6r6z4q
- Endereço: Rua Anibal Nunes Pires, s/n, Morro do Mocotó – Florianópolis
- Tel.: 99186-9977