Rancho de pesca vira cineclube no Campeche 4l3c2l

Inauguração do espaço para exibição de filmes na comunidade será neste domingo, dia 31, às 17h 5o2i11

Luís Prates/Divulgação/ND

Espaço nada convencional irá exibir filmes no Campeche, o primeiro é um documentário sobre Saint-Exupéry

A safra da tainha termina oficialmente em 31 de julho, mas a praia do Campeche vai continuar no clima das puxadas de rede, reunindo pescadores e moradores locais. O mesmo rancho de pesca que guarda as canoas que garantem o sustento de famílias na região vai abrigar também o Cineclube Dona Chica, uma sala de cinema nada convencional, aberta a construir e reviver histórias projetadas na tela. O espaço cultural será inaugurado neste domingo (31/07), às 18h, com a exibição do documentário “De Saint Exupéry a Zeperri”, sobre a trajetória do famoso aviador e escritor francês e sua agem pelo Campeche, em Florianópolis.

O nome do cineclube é uma homenagem a Francisca Paulina Inácio, dona Chica, esposa do pescador Manoel Rafael Inácio, seo Deca, com quem Antoine de Saint-Exupéry estabeleceu laços de amizade, segundo relatos de moradores locais e depoimentos contidos no documentário. A apresentação do filme – a primeira feita na comunidade – marca o aniversário de morte do piloto da Companhia Aéropostale, desaparecido no Mar Mediterrâneo em 31 de julho de 1944. 

O projeto do cineclube é uma iniciativa da Associação de Pescadores Artesanais do Campeche em parceria com a Prefeitura da Capital e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), com apoio do Funcine e Cinemateca Catarinense. Uma vez por mês, o público poderá assistir gratuitamente a produções catarinenses e nacionais, no Rancho da Canoa. No local, a Fundação Franklin Cascaes já mantém uma oficina de música, coordenada pelo músico e pescador Getúlio Manoel Inácio, filho de seo Deca e dona Chica.
 

Luís Prates/Divulgação/ND

Dona Chica, mulher do saudoso pescador Seu Deca Rafael, morreu em 2010 e é a homenageada no novo cineclube da Capital

Dona Chica

Francisca Paulino Inácio nasceu em 1912 e cresceu na praia do Campeche, onde constituiu uma numerosa família. Filha de lavrador, dona Chica não gostava de ficar parada. Capinava o terreno onde plantava café, cuidava dos afazeres domésticos e, como a maioria dos nativos da região, também ajudava nas atividades do campo de aviação, fritando peixe, lavando louça e ajudando a iluminar a pista de pouso com lampiões para orientar os pilotos da Companhia Aéropostale durante vôos noturnos.

Vaidosa, andava sempre maquiada e arrumada, carregando um lenço ou um chapéu. Mais ainda aos domingos, quando freqüentava o baile na base da companhia aérea sa, um velho casarão, conhecido como Popote, e que é o único do gênero ainda de pé entre as instalações construídas pela Aéropostale no Brasil. Dona Chica apreciava música, o que serviu como incentivo para que a maioria dos filhos seguisse carreira musical. Ela morreu em 2010, aos 98 anos, deixando 14 filhos, 94 netos e centenas de bisnetos. O marido morrera em 1993, aos 84 anos.

Registro inédito

Com cerca de 50 minutos, o documentário “De Saint Exupéry a Zeperri” tem direção geral de Branca Regina Rosa e roteiro de Delmar Gularte. Produzido a partir do argumento da pesquisadora Mônica Cristina Corrêa (PhD em Língua e Literatura sa pela USP), o filme perfaz a história da antiga companhia de correio aéreo sa Aéropostale implantada no Brasil a partir de 1924, trazendo à tona a biografia de Antoine de Saint-Exupéry, um dos seus mais renomados pilotos.

Autor de um dos maiores best-sellers universais, O Pequeno Príncipe e considerado como o “poeta da aviação”, Saint-Exupéry trabalhou na sede argentina da empresa, entre 1929 a 1931. Nesse período, teria sobrevoado várias vezes a costa do Brasil, na qual a Aéropostale possuía 11 escalas, entre elas a de Florianópolis, em Santa Catarina, no bairro do Campeche. Em suas paradas pela região, o piloto-escritor teria entrelaçado uma singela amizade com pescadores locais.

A difícil pronúncia do nome do piloto francês incitou, entre os moradores, o apelido “Zeperri”, cristalizado na cultura e no folclore de Florianópolis. “De Saint-Exupéry a Zeperri” cruza testemunhos de ses e brasileiros, aliando relatos orais à pesquisa histórica para reconstituir um capítulo praticamente desconhecido de um escritor cuja vida e obra remontam ao mito.

 
Serviço:
O Quê: Inauguração do Cineclube Dona Chica, com a exibição do documentário “De Saint Exupéry a Zeperri”
Quando: 31/7, 17h (Apresentação do boi de mamão do Campeche), 17h30 (Projeto Musica do Rancho da Canoa), 18h (Lançamento do Cineclube Dona Chica)
Onde: Rancho da Canoa, final da avenida Pequeno Príncipe – Campeche
Quanto: gratuito

Ficha Técnica:

“De Saint – Exupéry a Zeperri” ( Doc/ Brasil/ 50 min./ 2011)

Direção: Branca Regina Rosa.

Criação e argumento: Mônica Cristina Corrêa

Roteiro: Delmar Gularte.

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