Sessões abertas, gratuitas, por ordem de chegada, respeitando o limite de lotação e com classificação indicativa. Essas são as únicas orientações para um marco no incentivo à cultura em Santa Catarina.
De 23 a 26 de junho acontece a 2ª edição do Festival Cinema Negro SC, na sala de cinema Gilberto Gerlach (CIC), em Florianópolis, com inúmeros audiovisuais ancorados por negros.

A curadoria dos filmes e coordenação geral é de Allende Renck, crítico de arte, professor e doutorando em Teoria Literária na UFSC. O projeto é da Produção Cinemática, com apoio do Cineclube Cinema Unisul, Editora Cruz e Sousa e MIS-SC/FCC.
O festival segue a discussão mundial sobre combate ao racismo e representatividade. Quando trazemos o assunto para o audiovisual, o Cinema Negro é destaque neste movimento. A importância da indústria cinematográfica é cada vez mais debatida por personalidades do meio – mesmo que a pequenos os!

Se liga na programação: 646952
Dia 23 (quinta-feira)
19h – Abertura e Homenagens
20h – Longa-metragem internacional
Dia 24 (sexta-feira)
19h – Mesa Temática Protagonismo Negro
20h – Estreia nacional longa-metragem “Cabeça de Nêgo”, de Deo Cardoso (CE)
Dia 25 (sábado)
19h – Mesa Temática Políticas Culturais
20h – “Summer of Soul – A Revolução Não Será Televisionada”, de Questlove (EUA)
Dia 26 (domingo)
19h – Mesa Realizadores: Cia Nosso Olhar & Coletivo NEGA
20h – Mostra Nacional de Videoclipes
20h30 – Mostra Competitiva de Curtas-Metragens
22h – Premiação com escolha do público e categorias com júri especial
Encerramento e homenagens
Esse evento merece todo o nosso reconhecimento e apoio! E outras iniciativas merecem ser relembradas, até porque quando um negro se movimenta e se destaca, todo um legado é construído! Veja só:
Curiosidades: Os pioneiros do cinema negro no Brasil 1vz52
Em 1964, durante a Ditadura Militar, o Cinema Novo traria um olhar diferente ao mercado brasileiro. Um dos maiores movimentos cinematográficos da história do país foi inspirado na sa Nouvelle Vague e surgiu como uma afronta ao cinema tradicional dos anos 1950.
O principal foco era a crítica às condições raciais e sociais das classes populares. Aqui no país, os pioneiros do movimento (Glauber Rocha e Cacá Diegues) trouxeram frescor ao abordar a cultura afro-brasileira para a indústria. Foi em filmes como Barravento e Xica Da Silva, até hoje citados como grandes expoentes do movimento.
Mas foi somente no início da década de 1970 que um cineasta focou na valorização da cultura negra brasileira. Zózimo Bulbul dirigiu o curta Alma no Olho em 1974 e trouxe uma reflexão sobre a chegada dos africanos escravizados ao Brasil. Entre outros trabalhos significativos de Zózimo estão Samba no Trem (2001), Pequena África (2002) e Renascimento Africano (2010).
Representatividade internacional 4u6h5z
Filmes recentes: Pantera Negra e Medida Provisória
Um exemplo recente de acerto na representatividade é o filme Pantera Negra, primeiro super-herói negro de origem africana a chegar às telonas. O filme estrelado pelo saudoso Chadwick Boseman arrecadou US$ 1,3 bilhão nas bilheterias mundiais e se tornou um dos filmes mais rentáveis da história em bilheterias domésticas, somando mais de US$ 700 milhões nos Estados Unidos.
No Brasil, o filme Medida Provisória foi altamente repostado por movimentos sociais. O filme conta a história de uma iniciativa do governo brasileiro de reparação pelo ado escravocrata, em que é decretada uma medida provisória que provoca uma reação imediata no Congresso Nacional. A medida obriga os cidadãos negros a se mudarem para a África na intenção de retomar as suas origens. Um berro nas discussões de racismo estrutural.
Primeiro Oscar para atriz negra
A atriz Hattie McDaniel marcou seu nome na história da indústria cinematográfica. Filha de ex-escravos, ela foi a primeira mulher negra da história a conquistar uma estatueta do Oscar (1940), por seu papel em E o Vento Levou…, clássico do cinema mundial.
Primeiro Oscar para ator negro
Foi em 1964 que um ator negro se tornou o primeiro a levar a estatueta dourada para casa. Sidney Poitier foi eleito o melhor ator por seu trabalho em Uma Voz Nas Sombras.
Globo de Ouro
Em 2014, a diretora Ava Duvernay foi a primeira diretora negra indicada à categoria de melhor direção, por Selma, um dos filmes mais emblemáticos de sua carreira. O longa indicado na categoria de melhor filme no Oscar de 2015 acompanha a história do ativista social Martin Luther King. Recentemente, Ava foi eleita governadora na Academia do Oscar, subindo para 12 o número de pessoas não-brancas que ocupam o cargo.
Críticas ao Oscar
Sobre a maior premiação da história do cinema, uma curiosidade: em 2015 a Academia foi bastante criticada pela falta de minorias entre os indicados. Um protesto de atores, diretores e público usaram a tag “Oscar muito branco”. A iniciativa, claro, fez muito barulho na internet.
No ano seguinte, o ator Chris Rock foi escalado para ser o anfitrião da festa e não economizou nas piadas e alfinetadas sobre o assunto.