O local que durante o dia muitos chapecoenses utilizam para esportes e comércio, a noite tem se tornado um ponto de festas, brigas, corridas de carros e até sexo ao ar livre. A denúncia é feita por um grupo de moradores dos arredores da Arena Condá, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina.

Vídeos registrados por eles nos fins de semana mostram jovens aglomerados nas calçadas das ruas Condá e Clevelândia, no Centro, consumindo bebidas alcoólicas, usando drogas e dançando no embalo de músicas extremamente altas que podem ser ouvidas por outros moradores a mais de 100 metros de distância. Brigas violentas e algazarras também tiram o sono de quem mora ali.
“Ocorre de tudo o que você imaginar. Uso de álcool, droga, jovens bebendo, corridas de carro, som alto. Os moradores estão a mercê de ficar em casa trancados”, conta a empresária Marivandra Xavier Lopes. “É das 21h às 5h. Chamamos a polícia, eles vem, os jovens escapam, mas depois voltam. Não temos mais vida nessa rua”, contou.
Outras imagens capturadas por moradores dos prédios mostram jovens mantendo relação sexual ao ar livre na escadaria que dá o ao Procon. Pacotes de preservativos são dispensados no local e podem ser encontrados espalhados pelas ruas. “Até tentamos mandar eles embora, mas eles desaforam e dizem que não temos nada a ver com a vida deles”, detalhou a advogada Rosane Todescatt Nottar, que mora ao lado da Arena Condá há mais de 30 anos.
Imagens feitas por moradores mostram algazarra em Chapecó — Vídeo: Arquivo Pessoal/ND
“A mais de 120 metros daqui, um amigo meu me pediu como eu consigo dormir com o barulho, pois ele também escuta de lá. Isso aqui virou uma pista de corrida. Estamos cansados de pedir ajuda”, comentou o morador, Fernando Patussi.
Carmelita dos Santos também mora no local e conta que precisa de medicamentos para conseguir dormir. “Estamos tomando medicação para poder dormir. Ligamos o climatizador para amenizar o barulho. Está inável, não dá mais para aguentar”, enfatizou a auxiliar istrativa.
Ao amanhecer, a luz do dia dá evidência de mais uma noite de algaza com muito lixo espalhado nas calçadas. São garrafas de todos os tipos de bebidas, latas, sacolas, bitucas de cigarros por todos os cantos. Os materiais são recolhidos por equipes da Prefeitura de Chapecó responsáveis pela limpeza das vias púbicas.

O Tenente-Coronel Ademir Barcarollo, da Polícia Militar, explicou que somente em fevereiro foram atendidas 18 ocorrências de perturbação de sossego em Chapecó. Em 2021 foram quase sete mil casos registrados, uma média de 17 por dia.
“É um problema social e de pouca relevância penal. Não conseguimos encontrar subsídios para que isso não aconteça, até porque a legislação não nos permite uma atuação mais incisiva”, explicou. Barcarollo prometeu novas fiscalizações no município e nos pontos mais críticos.
Para esta quarta-feira (9) está agendada uma reunião na Prefeitura de Chapecó com representantes das forças de segurança pública. Segundo o prefeito João Rodrigues (PDS), serão definidas ações enérgicas com apoio da Guarda Municipal e Ministério Público de Santa Catarina.
