O ambiente na região leste do Centro Histórico de Florianópolis, a chamada área Centro-Leste, que vem ando por processo de revitalização, durante a noite ou ao amanhecer se tornou assustador para quem precisa transitar por lá. Durante a madrugada, quando diminui a circulação de pessoas, o que resta é uma grande quantidade de lixo, um mau cheiro persistente e uma sensação de abandono e insegurança que, para muitos, está pior do que antes da revitalização da região.

Comerciantes e moradores, os mais impactados por essa realidade, reclamam e estão extremamente preocupados. “Nós encontramos muita sujeira e sempre antes de abrir o estabelecimento tenho que fazer a limpeza da fachada. É lixo para todo lado, garrafas espalhadas pelo chão, copos plásticos. Também tem um cheiro muito forte de xixi nas paredes e nas portas”, relata o proprietário de uma panificadora na região, Cednézio Jovino.

O motivo para a região se encontrar dessa forma se deve a uma junção de fatores, explica o diretor de patrimônio e coordenador do Núcleo do Centro Histórico da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Florianópolis, Rafael Salim.
“São uma série de fatores que englobam pessoas em situação de rua fazendo suas necessidades fisiológicas, pessoas que estão na noitada e não descartam o lixo adequadamente e vendedores ambulantes que não dão e na limpeza”, explica Salim.
Ainda segundo o coordenador da CDL, a sujeira começa próximo aos fins de semana, de quarta-feira até domingo, quando as festas têm mais adesão de pessoas.
“Não é oferecido banheiro suficiente para todas essas pessoas que frequentam aqui e em algum momento elas acabam fazendo suas necessidades em frente aos comércios, além das pessoas em situação de rua que já fazem isso. Tem também as pessoas que am mal e vomitam próximo às portas dos comércios. A situação está gravíssima. O nosso centro histórico leste está abandonado e posso dizer que está pior do que antes da revitalização”, declara Salim.
Dono de uma loja de alimentos naturais, Leandro Vieira revela que já encontrou até fezes em frente ao seu estabelecimento. “Eu trabalho com alimentos e um pouco antes do Carnaval encontrei fezes na porta. Imagina as pessoas ando aqui na frente e se deparando com essa situação?”, questiona.
“Claramente isso, fora toda a sujeira na minha porta e de vários outros comerciantes, afasta sim os nossos clientes”, conclui Vieira.

Desvalorização do Centro-Leste 19611
Caminhando ao longo do calçadão João Pinto e imediações é possível notar diversas placas de ‘vende-se’ e ‘aluga-se’ em imóveis que se encontram com diversas fachadas pichadas. Segundo o professor e morador do Centro-Leste, Viegas da Costa, as pessoas já não querem mais morar ou ter o comércio na região e os imóveis têm se desvalorizado cada vez mais nos últimos anos.
“Há muitos moradores residindo na região e nunca fomos consultados. E o que nós estamos vendo é justamente o abandono da região, inclusive com imóveis residenciais esvaziados porque as pessoas estão desistindo de morar aqui”, lamenta.

Conscientização 4d1v4i
A Comcap (Companhia Melhoramentos da Capital), já cedo, atua todos os dias na limpeza do local, mas o comerciante Cednézio revela que entrou em contato com a prefeitura solicitando mais lixeiras, uma maneira de reduzir o lixo que fica espalhado no chão.
“A equipe de limpeza inicia o trabalho às 6h da manhã e até às 8h não dá conta de deixar tudo limpo. Para isso, vamos colocar duas equipes para ficar inteiramente de quinta a domingo para dar uma atenção maior para aquele local”, informa o secretário de Limpeza e Manutenção Urbana, João da Luz.
No entanto, para o vice-presidente da Conseg (Conselhos Comunitários de Segurança), Aldonei de Brito, a situação vai muito além do que o poder público garantir a limpeza. É necessário educação dos frequentadores dos espaço e das festas da região.

“As pessoas que frequentam esses eventos e jogam lixo no chão precisam ter educação. Em vez de procurar uma lixeira para jogar latinha ou garrafa de bebida no lixo, elas preferem jogar no chão”, cita. Ele acrescenta dando um exemplo prático do que viu no Carnaval.
“A prefeitura disponibilizou latões de metal de 200 litros a cada 50 metros. Eram vários e, ainda sim, ando ao lado dos lixões, jogavam as latinhas no chão”, lamenta.