Completando 103 anos, morador de Gaspar revela segredo da longevidade: ‘viver com equilíbrio’ 1g3b26

Seu Cobrinha possui comemoração em dose dupla no dia dos avós, celebrado nesta quarta-feira (26) 5q2928

Nesta quarta-feira (26), é comemorado o dia dos avós. Mesmo que, para muitos, esta seja mais uma data do calendário, o dia 26 de julho reserva uma confraternização em dose dupla para um morador de Gaspar, no Vale do Itajaí. Além de celebrar o dia dos avós, um catarinense está de aniversário, agraciado por uma trajetória de vida longa e próxima da família.

No dia dos avós, seu Cobrinha comemora 103 anos de idade nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDNo dia dos avós, seu Cobrinha comemora 103 anos de idade nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

Trata-se de Pedro João de Souza, mais conhecido pela comunidade como ‘seu Cobrinha’. O sapateiro, músico e também avô, completa 103 anos de idade nesta quarta-feira (26) e concedeu uma entrevista ao ND+.

A conversa foi intermediada pelo seu filho, Élcio de Souza. Seu Cobrinha tem, ao todo, três filhos e três netos, e revelou algumas de suas experiências que guarda com carinho durante a sua longa estrada da vida.

Sua história 3e1b4g

Seu Cobrinha nasceu em Biguaçu, na Grande Florianópolis, no dia 26 de julho de 1920. Na infância, mudou-se com os pais para São Pedro de Alcântara. Ele conta que sua infância e juventude foi muito tranquila e semelhante ao dos jovens nos idos da década de 1930.

“Gostava de jogar futebol, jogar pião, caçar com bodoque. Mais tarde aprendi a tocar cavaquinho e a dançar, e gostava de sair com os amigos para pescar, jogar futebol e ir ao cinema”, relembra.

Em 1939, seu Cobrinha novamente se mudou, juntamente com os pais João Lúcio e Maria José, para a cidade de Gaspar, onde vive até hoje. Foi o irmão dele, José, quem convenceu a família para ir morar no Vale do Itajaí.

Natural de Biguaçu, seu Cobrinha veio ainda na juventude para Gaspar – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDNatural de Biguaçu, seu Cobrinha veio ainda na juventude para Gaspar – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

“Naquela época, Gaspar era uma cidade muito pequena, de pouco movimento. Havia somente uma rua, dois ou três carros, uma loja e pouco mais, de forma que não havia muita escolha sobre em que trabalhar”, conta.

José e seu Cobrinha aram a trabalhar na área central da cidade como sapateiros. No cotidiano, aram a conhecer boa parte dos habitantes que avam pelo centro da cidade, em meio a uma realidade totalmente diferente.

Nas décadas seguintes, ele continuou atuando como sapateiro e, aos fins de semana, vendia pipocas próximo ao antigo Cine Mogk em Gaspar. Em 1956, casou-se com Cídia Maria Becker de Souza, que conheceu em um jogo de futebol do Clube Atlético Tupi, time tradicional de Gaspar que existe até hoje.

Foi a partir do casamento que vieram os filhos: Élcio, Lenir e Enio. Mas foi com a música que ele afirma que encontrou o equilíbrio e a força para enfrentar uma vida longeva, alegre e tranquila.

Relação com a música 6r5s38

Seu Cobrinha conta que aprendeu a tocar instrumentos musicais por conta própria, observando de forma atenta aqueles que sabiam tocar instrumentos de corda e percussão. Na época, era mais comum ver pessoas tocando nas praças ou em outros locais abertos nas cidades de Santa Catarina.

Inicialmente, ele começou a tocar banjo e depois evoluiu para a bateria, embora o cavaquinho tenha sido seu companheiro inseparável por décadas. “Atualmente já não tenho mais a destreza necessária para tocar meu cavaquinho, como sempre fazia”, pondera.

Seu Cobrinha afirma que sempre teve uma relação de amizade com a música – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDSeu Cobrinha afirma que sempre teve uma relação de amizade com a música – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

Em Gaspar, seu Cobrinha ajudou a fundar o “Clube dos 20” e participou dos conjuntos “21 de abril” e “Rouxinol”. Os grupos alugavam salões em diferentes cidades da região, promovendo bailes dançantes e temáticos.

“Participamos e animamos muitos bailes sociais e de carnaval em Gaspar, Blumenau, Brusque e Itajaí. Nessa época, também participei de diversos programas de calouros na PRC-4, Rádio Clube de Blumenau, como cantor e instrumentista, sendo várias vezes premiado. Em conjuntos toquei por mais de 10 anos. Além de tocar também fiz algumas composições, sendo que duas delas foram gravadas por Eulina Silveira”, conta.

Uma vida cheia de histórias 1s2d3i

Seu Cobrinha, como sapateiro, tinha conhecimento de muitos causos que os clientes lhe contavam, mas também acabou protagonizando muitos episódios curiosos ao longo da vida. Para ele, os fatos inusitados em apresentações musicais foram os mais marcantes, sempre com alegria e risadas.

A alegria sempre esteve presente na vida de seu Cobrinha – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDA alegria sempre esteve presente na vida de seu Cobrinha – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

“Uma vez, depois de tocar um baile em Itajaí, fomos para o hotel. Como o baterista da época, de nome Lucílio, se atrasou um pouco, um deles, de apelido Beiju, tirou as tábuas que sustentavam o colchão, deixando solto. Quando o baterista chegou e foi se deitar, tudo desmontou e ele ficou sentado no colchão, no chão e, para não dar confiança, disse que iria dormir ali mesmo. Todos riram muito”, contou.

Em outra ocasião, seu Cobrinha afirma que os colegas de banda fizeram uma peripécia com ele mesmo, antes de um baile onde eles iriam tocar em Indaial. O que poderia ser visto, nos dias atuais, como um constrangimento acabou em gargalhadas, segundo o músico.

“Tínhamos baile à tarde e depois do almoço fui deitar um pouquinho só para descansar, mas acabei pegando no sono. Minha cama tinha rodinha e alguém do conjunto empurrou a cama onde eu dormia para a varanda. Quando me acordei vi que estava lá, dormindo, à vista de todos que avam na rua. Isso rendeu boas risadas, até minhas, porque o segredo da boa convivência é entender as brincadeiras e levar na esportiva”, afirma.

Convívio com a família 2624h

Torcedor do Botafogo, seu Cobrinha afirma que, depois da música, um dos seus maiores gostos é pescar, assistir a um bom filme de faroeste, assistir ao futebol, conversar com os amigos e estar próximo da família. Um dos seus netos mais próximos, Daniel Luis de Souza, tem 34 anos de idade e é vizinho do aniversariante.

No dia dos avós, seu Cobrinha terá comemoração dupla nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDNo dia dos avós, seu Cobrinha terá comemoração dupla nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

“Meu avô sempre foi uma das pessoas mais próximas na minha vida. Nossa relação sempre foi marcada por muito afeto e amizade desde a minha infância, frequentando quase que diariamente a sua casa, visto que somos vizinhos. Meu avô sempre uma inspiração pra mim. Uma iração imensa pelo ser humano que ele é e um orgulho em ser seu neto. Uma pessoa sempre alegre, de bem com a vida, brincalhona, doce, de amizade fácil. Também muito correta e de bons valores. Alguém que sempre se cuidou, nunca teve vícios. Impossível não irá-lo. São muitas lembranças que guardo com muito carinho. Por exemplo, quando ele fazia pão em casa e meu irmão e eu comíamos a massa, e depois de pronto, ele o preparava com margarina e açúcar como gostávamos. Outra lembrança é de quando brincávamos de bater pênaltis com uma bola de tênis na garagem usando um banco como trave. Nos divertíamos muito. Por último, quando lia revistas pra ele”, revelou, em entrevista ao ND+.

Bacharel em Direito, o gasparense de 34 anos não chegou a exercer a profissão. Atualmente, ele trabalha como auxiliar istrativo na Farmácia Central da Policlínica de Gaspar.

Daniel afirma que a profissão de sapateiro do avô não teve muita influência naquilo que ele escolheu para seguir como ofício. Mas a forma de trabalhar, com integridade, esmero e satisfação, foram aspectos que ele afirma que buscou herdar.

No dia dos avós, seu Cobrinha terá comemoração dupla nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDNo dia dos avós, seu Cobrinha terá comemoração dupla nesta quarta-feira (26) – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

O neto de seu Cobrinha revela que o patriarca ajudou a influenciar nos seus gostos musicais. Porém, tocar um instrumento, que alguns de seus tios chegaram a aprender, ainda está nos planos para o futuro. Privilegiado em ver o avô completando 103 anos de vida, Daniel acredita que sua experiência se tornará cada vez mais comum para as futuras gerações.

“Penso que com o aumento da expectativa de vida que acompanhamos, será uma realidade cada vez mais comum que netos tenham a magia de conviver com e parabenizar avós centenários como o meu, o que será um verdadeiro presente”, afirma.

No dia dos avós, uma mensagem pela agem da data b1l6k

Mesmo que nos documentos conste que Pedro João de Souza tenha nascido no ano de 1918, o morador de Gaspar afirma que sua data de nascimento verdadeira é, na realidade, 26 de julho de 1920. Com três filhos e três netos, seu Cobrinha afirma que mantém o mesmo carinho e amor por todos os familiares, sem distinção.

Com convívio mais intenso com o neto Daniel, por ser seu vizinho, seu Cobrinha afirma que seu outro neto, Fernando, mora em Florianópolis e a outra neta, Heloísa, vive em Barcelona, na Espanha.

Família reunida, com seu Cobrinha à direita – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDFamília reunida, com seu Cobrinha à direita – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND

Para os netos que queiram homenagear seus avós nesta data especial, seu Cobrinha deixa um recado importante para reflexão. “Aos mais jovens, digo que se deve acreditar em Deus, viver honestamente, não fazer o mal a ninguém, perdoar sempre e viver com equilíbrio, sem exageros e sem estresse”, finaliza o avô.

O neto de seu Cobrinha, Daniel Luis de Souza, também aproveita a data para deixar sua reflexão, além é claro de dar os parabéns pelo aniversário do avô e pelo dia dos avós.

“Meu recado ao seu Cobrinha é para que tenha Feliz Aniversário, com muitas felicidades e que ele nos dê o privilégio de desfrutar da sua companhia por muitos anos com muita saúde e lucidez. E a ele e a todos os avós e que tenham um dia feliz, especial, com muita saúde e se possível, recebendo o carinho de seus netos”, finaliza o neto.

Seu Cobrinha, à direita, com o neto Daniel Luis de Souza, à esquerda – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/NDSeu Cobrinha, à direita, com o neto Daniel Luis de Souza, à esquerda – Foto: Arquivo Pessoal/Élcio de Souza/Reprodução/ND
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