
Imagine trocar a rotina, a casa fixa e as certezas do dia a dia por uma vida na estrada, em uma casa sobre rodas. Foi exatamente isso que Adrieli Schio, de 30 anos, e Gustavo Fonseca, 31, um casal de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, decidiram fazer.
Desde o dia 11 de fevereiro de 2025, eles estão viajando pelo Brasil a bordo de um Lifan X60, que carinhosamente apelidaram de “nave”.
A ideia nasceu de um sonho em comum: viajar o mundo. “Quando nos conhecemos, já compartilhávamos esse desejo. E, durante uma viagem pelo litoral de Santa Catarina, em dezembro de 2022, tivemos a certeza de que faríamos isso juntos”, conta Adri, que é terapeuta multidimensional, além de formada em moda e instrumentadora cirúrgica.
Os desafios e as delícias da vida sobre rodas são compartilhadas no perfil no Instagram “Só vai ser livre”. Na conta, que já soma quase 8 mil seguidores, Adri e Gus contam detalhes de como é morar em um carro e de forma divertida mostram o dia a dia de um casal viajante.

Vida na estrada
O plano inicial era rodar todo o Brasil até dezembro de 2025, mas, na prática, perceberam que colocar prazo é quase impossível. “Tem lugares que ganham nosso coração, como a Praia da Tainha, em Santa Catarina, onde ficamos 18 dias, ou Caxambu, em Minas Gerais, onde estamos há 13 dias e ainda não pensamos em ir embora”, revela.
Até agora, o casal já percorreu seis estados. A viagem começou pelo Rio Grande do Sul, ou por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e, atualmente, estão em Minas Gerais. A próxima parada? Espírito Santo.

Durante o caminho, eles priorizam não apenas os pontos turísticos, mas também as experiências no interior, em contato com a natureza e com pessoas que cruzam seus caminhos. “Cada cidade que amos somos acolhidos, e a família vai crescendo”, diz Adri.
Mais do que viajar: um reencontro consigo mesmos
Mais do que uma aventura, a viagem é uma jornada de autoconhecimento. “Nosso principal objetivo sempre foi entender quem sou eu, quem é meu parceiro e quem somos juntos”, explica.
A proposta do casal é viver de forma simples, com autonomia de água, energia e um estilo de vida sustentável, colocando em prática os próprios ensinamentos que eles compartilham no curso MDL – Relacionamento Inabalável, desenvolvido para ajudar casais a se reconectarem.

Desafios e aprendizados: menos é mais
A maior dificuldade? Desapegar. “Foi difícil deixar para trás nossas versões antigas, nossas manias e rotinas. E tudo isso vivendo em dois metros quadrados”, brinca Adri.
Por outro lado, o desafio se transformou na maior conquista. “Percebemos que temos um ao outro em meio ao caos. Nossa percepção sobre o tempo mudou. A vida se tornou mais leve.”
A rotina diária exige adaptação. Com um reservatório de 50 litros de água, eles conseguem tomar banho, escovar os dentes e cozinhar. O banheiro é portátil, montado em uma tenda, e toda a estrutura do carro foi pensada e construída por Gustavo, que é engenheiro mecânico e também hipnoterapeuta.

No início, levaram muito mais do que precisavam. “Saímos de Chapecó com o carro entulhado. E percebemos que usamos só o necessário. Mais da metade ficou pelo caminho. Aprendemos que o básico é extraordinário”, reflete.
Café moído na hora e maçãs direto do pé
Se há algo que não falta na viagem, são experiências marcantes. O casal lembra com carinho de quando colheu maçãs direto do pé em Urubici (SC), conheceu uma plantação de pimenta em Holambra (SP) ou aprendeu a torrar e moer café em Caxambu (MG).

“Essas vivências nos transformam. São sensações que não têm preço, como observar as estrelas no Parque da Serra da Bocaina, na divisa entre SP e RJ, onde enfrentamos 8°C, a menor temperatura da viagem até agora”, contam.
Como é o sustento na vida sobre rodas?
Além de contar com uma reserva financeira, Adri e Gustavo vivem dos frutos do curso online que criaram juntos. O MDL – Relacionamento Inabalável une as formações dos dois. O método auxilia casais a fortalecerem os pilares do amor, da amizade e da intimidade.

Voltar para Chapecó? Só o tempo dirá…
Quando perguntados sobre quando retornam para Chapecó, a resposta é simples e aberta: “Um dia… talvez”.
Por enquanto, eles seguem na estrada, acumulando histórias, experiências e, principalmente, reforçando a convicção de que é possível viver de forma mais simples, mais leve e mais conectada com o outro, com a natureza e com a própria essência.