No sexo só vale o que é aceito socialmente? Não! No sexo vale o que é consensual.
A busca sexual deve ir para além da reprodução. Sexo é também comunicação e busca pelo prazer. Deve ser harmônico, ou seja, todas as pessoas envolvidas podem se divertir e ter suas necessidades afetivas e sexuais atendidas. Sim, afetivas também pois mesmo quando o sexo é casual, a responsabilidade afetiva deve estar presente.

Há várias formas lúdicas de desfrutar a sexualidade. Aqui, vou falar das duas mais faladas no consultório e na plataforma Sexo sem Dúvida que, apesar de serem consideradas jogos sexuais inconfessáveis, são, na verdade, práticas sexuais cotidianas e nada novas.
Ménage a trois é uma expressão sa que consiste em um dos fetiches mais desejados por brasileiras e brasileiros, no qual três pessoas transam juntas. Pode ser um casal e uma pessoa externa, ou três pessoas que não tenham uma relação estabelecida independente de identidade de gênero ou orientação sexual.
Já a orgia é uma prática sexual também conhecida como suruba, bacanal ou sexo grupal em que, por definição, a relação sexual se mantém com várias pessoas ao mesmo tempo.
Na sua imaginação quem seria a terceira pessoa e qual seria a função dela? Ou quem seriam as outras pessoas na sua orgia? Para você romper a barreira do sexo a três ou do ménage e realizar suas fantasias, esta reflexão é muito importante.
Para alguns casais, o fato de a terceira pessoa ser conhecida traz mais segurança para propor o encontro e se liberar no ménage. Por outro lado, uma pessoa conhecida pode trazer complicações. Já a orgia deveria ser anônima para alguns. Já outros preferem transar com diversas pessoas do convívio social. Se conhecidos, fica a dúvida: como vou me relacionar com estas pessoas depois?
Ponto importante para a realização de qualquer prática que envolva outras pessoas: o casal deve estar bem e em harmonia para que seja prazeroso o encontro. Realizar as fantasias sexuais do outro com o relacionamento em crise ou com a ideia de “salvar a relação” é o que fatalmente fará o barco afundar.
Como introduzir a ideia do sexo a três com seu parceiro ou parceira?
Antes de você pensar em romper barreiras e propor para sua parceria uma nova aventura sexual, vamos pensar juntas em algumas pontos importantes para evitar possíveis complicações emocionais e analisar os impactos gerados mesmo que o casal esteja bem alinhado. O lado bom é que nem sempre este impacto será negativo!
Você pode descobrir, por exemplo, que ter outras pessoas na cama não vai diminuir a intimidade que você compartilha com o seu companheiro ou companheira. Pode, inclusive, aumentar a cumplicidade sexual.
Mas neste viés, o diálogo é essencial. Antes de levar a ideia propriamente dita, converse sobre como o outro se sente a respeito desta possibilidade. Se não tem desinibição para começar o tema, use cenas de filme, recortes de livros ou situações da vida cotidiana para introduzir o tema na conversa e, de preferência, fora da cama.

Observe a receptividade da sua parceria sobre o assunto. Perceba como ele ou ela recebe a ideia. Se houver abertura quanto a possibilidade, siga com suas insinuações e propostas sexuais até que o convite seja aceito ou não.
Neste jogo de desejos e fantasias a palavra consentimento segue sendo regra. Todas as pessoas envolvidas devem, além de estarem a fim, consentir de forma livre e esclarecida à proposta sexual.
Não existe um guia único sobre como agir. É com educação, empatia, escuta e respeito que você deve propor suas fantasias sexuais. O importante é primar pelo bem-estar e prazer de todos. Você deve, sim, nutrir a sua sensação de prazer e liberdade, mas sem prejuízo às pessoas envolvidas. Ali estarão três ou mais histórias de vida, desejos, expectativas e afetos.
Além do despir de corpos é preciso se livrar dos pré-julgamentos e preconceitos. Não há nada de errado com as fantasias sexuais que am aí na sua cabeça, no seu imaginário. Mas é válido lembrar que nem toda fantasia é para ser realizada. Algumas serão vividas só ali mesmo. E tudo bem também.
Seu corpo, suas regras e as das pessoas envolvidas. Tenha sempre isso em mente. E lembre-se que para você, primeiro as suas regras. Saber qual é o seu limite é o primeiro o para romper as barreiras e amarras sexuais e revisitar sua história. Reveja seus pensamentos sobre desejo, amor, intimidade, prazer e sexo. A partir daí explore este leque de desejos que habita em você. Nós nos libertamos e nos empoderamos neste quebrar de regras, mas sempre de forma consciente.