Cerca de 61 anos atrás, uma epidemia curiosa tomou conta da aldeia Kashasha, na até então Tanganica (hoje Tanzânia). Três jovens de um internato da região, começaram a rir descontroladamente e ininterruptamente, influenciando outras pessoas ao seu redor a rirem também, ocasionando o que ficou conhecido como a “Epidemia do Riso”.

A histeria teve início em 1962. Depois de se espalhar pelo internato, afetando 95 das 159 jovens de 12 a 18 anos, as aulas foram interrompidas em 18 de março,como forma de conter a expansão de algo que era até então inexplicável. Outras 14 instituições escolares da região também foram afetadas e fechadas temporariamente.
O único problema foi que, com a saída das jovens dos internatos, os sintomas foram levados para as cidades vizinhas onde as meninas moravam. A situação saiu do controle e contagiou pelo menos mil pessoas em dois meses e meio. A “Epidemia do Riso” afetou principalmente mulheres na época.
Sintomas 1r2k64
Os sintomas mais relatados, além do riso, foram dor, desmaios, problemas respiratórios, ataques de choro e erupções cutâneas. Durando de alguns minutos a dias, seguidos por uma pausa antes de recomeçarem novamente, a epidemia dificultava a realização de tarefas normais.
Em entrevista ao programa Ver Mais da NDTV Record TV, o psiquiatra e escritor do livro “O Lado Bom do Lado Ruim”, Daniel Martins de Barros, relata que a epidemia da época não era uma doença contagiosa do ponto de vista físico, mas uma demonstração de como o riso tem um poder de contágio muito grande.
“O riso é programado para ser contagiante, temos uma central de riso no cérebro que quando detecta um a gente começa a disparar outro”, explica.
Nunca foram descobertas causas médicas para essa epidemia, que hoje é considerada um caso de doença psicogênica em massa ou histeria coletiva.
O que se teoriza, por Charles F Hempelmann da Universidade de Purdue, é que a epidemia foi induzida por estresse com a recém independência da Tanganica e as altas expectativas dos professores e pais em relação aos estudantes, sobrecarregando o sistema nervoso.
De acordo com Daniel de Barros, “trata-se de uma doença, uma vez que ocorre uma perda de controle sobre o comportamento – do riso, no caso, pois a origem da doença é psicológica e não orgânica”.
Embora não tenha deixado sequelas, a histeria coletiva demonstrou o poder contagiante do riso e que, em certos casos, pode não ser uma solução para todos os problemas.