Quem olha rapidamente os relatórios do IMA-SC (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) sobre a balneabilidade do litoral catarinense pode acreditar que a praia de Ponta das Canas, Norte da Ilha, tem metade dos pontos impróprios para banho.

Dos quatro pontos analisados pelo órgão ambiental, dois são impróprios. Mas, para alegria dos turistas e moradores do balneário, o banho de mar não está comprometido. Quem explica é o diretor de engenharia e qualidade ambiental do IMA, Fábio Castagna da Silva.
“Os dois pontos em mar aberto estão próprios para banho, carregando um histórico bom de balneabilidade. E temos dois pontos impróprios, que não estão no mar aberto. Um deles é na lagoa da Ponta das Canas e outro em um canal que, eventualmente, desemboca na praia”, registra Castagna, comentando os dados divulgados em 10 de dezembro. O relatório foi atualizado na sexta-feira, 17, sem novidades em relação a Ponta das Canas.

A 28 quilômetros do centro, Ponta das Canas é um dos redutos do Norte da Ilha. Quem frequenta e gosta da praia diz que é limpa, muito boa para o banho de mar e a prática esportiva. Na quinta-feira, 16, o eletricitário Adriano Machado, morador da Cachoeira do Bom Jesus, estava na praia que mais gosta com a mulher, Andréia, e o filho, Pedro.
“Sempre viemos em Ponta das Canas, porque é perto e a água é tranquila para ir com criança”, explica Machado. Bem informado, explica que o ponto 83, na rua Alcina Jannis, marcado como impróprio, não se refere à água do mar.
“A informação que seguimos é que a água do mangue é imprópria. Temos que acompanhar se está fluindo para o mar ou não. Se estiver, não frequentamos”, comenta o banhista.

Ainda sobre Ponta das Canas, Machado disse que tem ótima expectativa para essa temporada e acha que o movimento já aumentou na praia. “Vamos ver como vai ser o verão. O pessoal busca aqui como refúgio”.
“Onde o pessoal toma banho é 100% limpo” c6z3l
Alfeu Parro criou a Ampocal (Associação dos Moradores de Ponta das Canas e Lagoinha), em 2006. Quando outra associação entrou em atividade, a dele parou. Morador do bairro há 20 anos, não concorda com as marcações do IMA.
“Aqui, onde o pessoal usa para tomar banho, é 100% limpo. Tem a lagoa, que é suja e, para limpar, tem que desassorear”, argumenta o aposentado. Ele emenda falando de um dos pontos impróprios em Ponta das Canas: “Lá na rua Alcina Jannis é a Lagoa da Gaivota. Lá, sempre está poluído, mas aquela água não entra no mar”, pondera.

“Estamos há cerca de quatro anos dizendo para os caras [do IMA] que isso está errado, mas como eu não sou mais nada aqui”, brinca por causa da desarticulação da Ampocal.
Agora, relatórios focam na temporada 5d542y
Fábio Castagna, do IMA, defende que, acima de tudo, as análises do órgão ambiental são uma questão de saúde pública. “Fazemos os relatórios mensalmente fora da temporada e, a partir de novembro, intensificamos as análises para semanais. A cada semana, analisamos 231 pontos. Em Florianópolis, são 87. Esse monitoramento segue semanalmente até março”, destaca Castagna.
Para as análises, além da alta concentração de bactérias, outro fator importante é a sequência de cinco relatórios. “É considerando o histórico das últimas cinco análises que classificamos um ponto como impróprio, ou seja, quando começam os riscos sanitários e a possibilidade de doenças”, pontua Castagna.

Um local que nunca foi analisado precisa de cinco análises consecutivas para ser próprio ou impróprio. “Dependemos sempre de uma análise temporal. Se algum ponto está próprio, é porque ou por cinco análises positivas”, afirma o diretor do IMA.
O penúltimo relatório do órgão, divulgado na sexta-feira, 10, foi considerado o número 1 da temporada. A contagem dos relatórios foi reiniciada.
“Foi o primeiro do ano após cinco análises consecutivas semanais. O que observamos foi uma manutenção dos resultados, acima dos 70% de balneabilidade no Estado e, aqui em Florianópolis, acima dos 80%. Consideramos que houve manutenção dos últimos resultados”, relata Castagna. Segundo ele, nos verões ados, a balneabilidade beirava os 60% nesta época, uma condição pior.

Na sexta-feira, 17, o IMA divulgou o relatório 2. O índice de balneabilidade no Estado ficou em 77,1%. Dos 231 pontos analisados, 178 estão próprios. Já em Florianópolis, 68 têm condições de receber banhistas, o que representa 78,2% do total.
Enquanto a situação é positiva na maioria dos balneários, incluindo Ponta das Canas, a melhor opção é aproveitar, como o turista de Rio das Antas, no Meio-Oeste, Nikolas Lisot, na quinta-feira.

“Meu pai mora nos Ingleses há mais de 15 anos e sempre viemos para cá, principalmente em Ponta das Canas. Um dos motivos que gostamos de vir é que a água está sempre limpinha”, conta o turista que colocou os pés na praia, pela primeira vez, nesta temporada, e não se arrependeu.