Acreditar que manter um caso é benéfico para o casamento, que a traição é uma prática normal ou inerente à natureza humana, que todos os homens traem e que a infidelidade ocorre exclusivamente em casamentos em crise são mitos persistentes que permeiam o imaginário social. Além disso, atribuir a si mesma a culpa por ter sido traída é uma perspectiva prejudicial que merece ser desconstruída.

É crucial desafiar essas ideias equivocadas, reconhecendo a complexidade das relações e promovendo uma compreensão mais realista e saudável sobre fidelidade e compromisso. É fundamental compreender que, em algumas situações, a infidelidade não precisa ser o fim inevitável de uma relação.
Estudos científicos e a minha prática clínica, seja no consultório ou nos atendimentos no portal sexo sem dúvida, mostram que a infidelidade conjugal pode ter diferentes impactos em relacionamentos, e a resposta sobre se é o fim da relação vai depender de diversos fatores, incluindo as circunstâncias específicas, os valores e as escolhas do casal envolvido.
Importante pontuar que a reflexão de hoje não visa condenar nem absolver ninguém. Juntas, vamos ponderar sobre um tema doloroso e abrangente. Apresento uma perspectiva para que possamos refletir, se a infidelidade conjugal é necessariamente o fim do relacionamento. Lembro, ainda, que o tema possui definições pessoais e socioculturais.
Para algumas pessoas e alguns casais, a infidelidade é considerada uma quebra de confiança tão significativa que torna difícil ou até mesmo impossível reconstruir o relacionamento. Para outros, pode ser vista como uma crise, um obstáculo que pode ser superado com esforço, comunicação e muito trabalho em conjunto.
A habilidade em lidar com a infidelidade e seguir em frente muitas vezes está atrelada à disposição do casal para enfrentar o problema, compreender as razões que levaram ao ocorrido e dedicar esforços significativos para reconstruir a confiança (sim, requer esforços!). A psicoterapia e a terapia de casal podem ser recursos valiosos nesse processo, oferecendo um ambiente seguro e livre julgamentos para a comunicação aberta, regulação de emoções e a resolução de problemas.
Desde já, esclareço que restaurar apenas a aparência social, sem abordar as dificuldades subjacentes reveladas na relação, não sustentará o bem-estar no relacionamento.
As consequências da infidelidade devem ser pensadas para quem traiu e quem foi traída(o). É necessário lidar com o luto, pois o modelo de relacionamento que existia agora está extinto.
Temos alguns sentimentos que são vivenciados pela pessoa traída de forma recorrente no momento da descoberta da infidelidade: raiva, incredulidade, sentimento de perda, falta de autoconfiança, ruminação da situação (ficar pensando e falando insistentemente sobre o fato), perda de identidade.
Casos de infidelidade entre famosos 2v92z
E se engana quem pensa que a pessoa infiel não pode sofre. Existe o alívio de não ter mais de mentir, a impaciência em ter de lidar como a repetição do acontecimento, ansiedade crônica, isolamento, vergonha e até mesmo o desgosto consigo mesmo.
Se a decisão for continuar a relação, o relacionamento não é desfeito, e tanto traidor(a) quanto traído(a) estarão frente a uma nova tarefa: reconstruir a relação, ou melhor, construir uma nova relação. Será necessário aprender novamente a formar o casal. Nesta fase, a desconfiança, a incerteza sobre o sucesso, a vontade de curar a dor e ainda a questão do perdão emerge. Para que a construção de uma nova relação seja crucial será crucial abordar de maneira profunda os problemas já existentes antes da infidelidade conjugal se manifestar no relacionamento.
É importante notar que cada relação é única, e o impacto da infidelidade pode variar significativamente. Apesar de o amor ser um dos principais ingredientes de um relacionamento, ele por si só não o mantém. Algumas pessoas e casais conseguem superar a infidelidade conjugal, enquanto outras podem sentir que a confiança foi irremediavelmente quebrada.
A decisão final sobre o futuro do relacionamento, ou seja, se a infidelidade será o fim da relação ou o recomeço, cabe ao casal envolvido.