Heterossexual convicta? Como lidar com o interesse repentino em mulheres? 6l64a

Buscar autoconhecimento, aprender a lidar com os conflitos internos e também com as interferências sociais e familiares tem se mostrado enriquecedor e preventivo de saúde mental e saúde sexual 4y456o

Nem heterossexual, nem bissexual, nem gay, nem lésbica… e se você tivesse liberdade para vivenciar as diversas relações amorosas? E se você pudesse de forma consentida ter vivências afetivas e sexuais que mais te agradem? E se você direcionasse seus interesses eróticos da forma que mais te satisfizesse? Não trago aqui os “e se…” como dificultadores, mas sim, enquanto outras possibilidades que precisam ser refletidas.

Buscar autoconhecimento, aprender a lidar com os conflitos internos e também com as interferências sociais e familiares tem se mostrado enriquecedor e preventivo de saúde mental e saúde sexual. – Foto: Divulgação / PexelsBuscar autoconhecimento, aprender a lidar com os conflitos internos e também com as interferências sociais e familiares tem se mostrado enriquecedor e preventivo de saúde mental e saúde sexual. – Foto: Divulgação / Pexels

Por norma, nossa sociedade é dita cis-heteronormativa. Explico: há uma normatização, considerada uma regra, em ser heterossexual, ou seja, orientação afetivo-sexual na qual a atração sexual é direcionada para alguém do gênero diferente do meu. É binária (homem e mulher). E que tenha congruência entre meu corpo biológico e o meu sentir e ser.

Por exemplo, a você foi “dado” ser biologicamente do sexo feminino, se comporta e expressa dentro do que é dito socialmente para uma mulher e se sente enquanto mulher.

Em um dos grupos de estudos em Gênero e Sexualidade Humana do qual fui facilitadora, conversávamos sobre a construção de orientações afetivo-sexuais não normativas, ou seja, não heterossexuais. Neste lugar de reflexão surgiu o questionamento sobre “como então sabemos que somos heterossexuais?”.

A pergunta foi, inclusive, provocada por participantes LGBTQIAP+.  Fomos, então, estudar mais e ler o livro de Jonathan Ned Katz, “A invenção da Heterossexualidade” (Ediouro , 1996), que aproveito e recomendo a leitura. E deixo aqui a mesma provocação: como você sabe que é heterossexual? Heterossexual convicta?

E já te adianto que a heterossexualidade compulsória pode parecer mais confortável, pois dá menos trabalho para as pessoas entenderem e aceitarem, porém, pode ser um lugar também de violências.

Importante lembrar que orientação afetivo-sexual não é determinada por comportamento sexual, ou seja, não é sobre o que e com quem você faz sexo. A orientação está ligada à afetividade, às vivências da sexualidade, às construções de identidade da pessoa. Aqui, não falo sobre identidade de gênero, e sim das subjetividades e alteridades.

E não é sobre prática sexual. Vamos pensar, por exemplo, no sexo à três. Segundo uma pesquisa da Pantynova, em 2022 essa foi a fantasia sexual que mais da metade de brasileiros e brasileiras desejaram realizar. Se o ménage vai acontecer entre duas mulheres e um homem ou dois homens e uma mulher ou três homens ou três mulheres, as vivências sexuais desta fantasia acontecem entre pessoas heterossexuais, homossexuais, bissexuais e/ou pansexuais. Não é determinante, então, de orientação e sim, de tesão, de realizar fantasia sexual.

Dito isso, fluir durante a vida entre as sexualidades, sem rótulos e nem rigidez… Isso é possível? Seria repentino? Ou seria mais uma abertura para transitar entre os desejos sexuais e repensar a heterossexualidade convicta? Se repensarmos a norma ou o não exclusivo, como seriam suas vivências?

Paradigmas vêm sendo quebrados. As pessoas estão procurando entender seus desejos. E muita desta desconstrução da rigidez da heteronormatividade vem com o movimentos LGBTQIAP+ e os movimentos feministas.

Este novo olhar para os desejos vem sendo evidenciado por conta da sociedade estar conhecendo, respeitando e lidando mais e melhor com as diversidades. As “caixinhas” das orientações não têm se mostrado mais suficientes.

Assim, algumas pessoas que se consideravam heterossexuais convictas aram a ter de lidar com o interesse (repentino ou não) em pessoas do mesmo gênero. É o caminho da definição de heteroflexibilidade, uma forma de se permitir e experimentar vivências sexuais sem ter de estar comprometida com rótulos. Mas é preciso ter atenção para não se fechar na “caixinha” da heteroflexibilidade e engessar seus desejos. Na medida em que as pessoas vão estudando e vivenciando mais as sexualidades vai ficando mais difícil caber na “caixinha”.

Pode-se, então, pensar na fluidez que eu mencionei acima? Deixar os desejos fluírem sem rótulos nem rigidez ao longo da vida… Tudo vai depender do desejo?

O termo sexualidade fluida se refere àquelas pessoas que conseguem transitar entre as orientações afetivo-sexuais. A fluidez não permite que a pessoa se identifique em uma única orientação.

As atrações sexuais, românticas, emocionais, relacionais são sentidas e vivenciadas independente do gênero ou de orientação afetivo-sexual. E, de uma maneira geral, vemos que as mulheres se permitem mais, tem uma sexualidade mais fluida.

Em meus atendimentos clínicos e na plataforma Sexo Sem Dúvida muitas pessoas buscam processos de compreensão e de vivências de novos desejos e sexualidades. Na clínica da sexualidade tenho percebido que as pessoas, de uma maneira geral, estão se permitindo refletir sobre possibilidades e novos desejos.

Relevante falar sobre os preconceitos sofridos pelas pessoas que estão fluindo. Elas são questionadas se são homossexuais enrustidos, lésbicas enrustidas, se querem na verdade “ar o rodo”, se são bissexuais, dentre outras violências. Para algumas pessoas será sim uma fase de descobertas e vivências, e com respeito e consentimento está tudo bem. Mas, quando estamos falando de uma identidade, das subjetividades e alteridades, é preciso acolhimento e apoio na trajetória.

Claro, ainda há muitos tabus, mitos e crenças, mas ter um espaço psicoterapêutico na perspectiva da sexualidade que favoreça elaborar mais o tema e buscar autoconhecimento, aprender a lidar com os conflitos internos e também com as interferências sociais e familiares tem se mostrado enriquecedor e preventivo de saúde mental e saúde sexual.

Te deixei mais confusa? Pois é…  Confesso que mesmo sendo especialista em sexualidade humana eu também tenho ainda muito a aprender.

Será então que estamos caminhando para a “sexualidade sem fronteira”, como bem nos sinalizou o saudoso Flávio Gikovate em seu livro de mesmo nome? Te convido a refletir sobre rótulos, normas e vivências da sexualidade de forma plena e livre de preconceitos.

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