Prédio centenário da entrada da ilha já abrigou imigrantes, marinheiros, turistas e operários 4q6x33

Utilizado pela Guarda Municipal de Florianópolis desde 2008, primeiro edifício entregue pelo poder público após a proclamação da República foi inaugurado em julho de 1890 83s6i

Um dos prédios mais antigos da capital catarinense é também o que, simbolicamente (por causa da localização), dá boas-vindas a quem entra na cidade. Conhecido até alguns anos atrás como Portal Turístico de Florianópolis, ele foi inaugurado em 30 de julho de 1890 com o nome de Hospedaria dos Imigrantes, porque era ali que quem vinha de longe era registrado e abrigado antes de seguir até o destino, a Ilha de Santa Catarina ou cidades do interior do Estado.

Prédio centenário da entrada da ilha já abrigou imigrantes, marinheiros, turistas e operários – Foto: Leo Munhoz – NDPrédio centenário da entrada da ilha já abrigou imigrantes, marinheiros, turistas e operários – Foto: Leo Munhoz – ND

Localizado no bairro Coqueiros, fica na cabeceira continental das pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles e já foi sede da Secretaria de Turismo da Capital. Desde 2008, concentra as atividades da Guarda Municipal de Florianópolis.

Há poucos registros sobre a rotina na edificação no fim do século 19, mas sabe-se que foi o primeiro edifício entregue pelo poder público após a proclamação da República. Lauro Müller, o governador do Estado na época, inaugurou o prédio. A região, hoje chamada de Saco da Lama, era conhecida como Saco do Padre Ignácio. Ressalte-se que “saco” tinha, na linguagem dos nativos da Grande Florianópolis, o significado de enseada ou pequena baía – vide lugares como o Saco dos Limões e o Saco Grande, hoje bairro João Paulo.

Em 133 anos de existência, a casa teve diferentes usos – além da Hospedaria dos Imigrantes, sediou a Estação Agronômica e Veterinária, a Escola de Aprendizes Marinheiros, a escola reunida Almirante Carvalhal, a Secretaria e o Portal Turístico de Florianópolis. Na semana ada, a Secretaria de Segurança e Ordem Pública de Florianópolis, que ocupava o segundo piso do prédio, mudou-se para um edifício na avenida Mauro Ramos, mas a Guarda Municipal continua operando ali.

Entre 1956 e 1960, a Escola Agrupada de Coqueiros, ali instalada, alfabetizou os operários do Estaleiro de Construção Naval e seus filhos. Antes disso, ficou 13 anos sem utilização, assim como ocorreu mais recentemente, no início da década de 1980. Em 1984, um projeto de restauração deu ao prédio a configuração atual.

As obras foram entregues em dezembro daquele ano, quando a cidade era istrada por Esperidião Amin, e dali até 2008 a edificação funcionou como Portal Turístico, onde ficavam os guias que acompanhavam excursões e era distribuído material de divulgação da cidade.

Em 1982, quando foi cedido pelo comando do 5º Distrito Naval ao Estado, a condição imposta era de que houvesse investimentos na preservação e recuperação do imóvel. Isso foi feito a partir de convênio entre o governo estadual e a Prefeitura de Florianópolis, com aporte de recursos federais.

O prédio foi batizado com o nome do desenhista Domingos Fossari por força da lei municipal 2.770, de 1987, e tombado como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico do município – Foto: Leo Munhoz – NDO prédio foi batizado com o nome do desenhista Domingos Fossari por força da lei municipal 2.770, de 1987, e tombado como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico do município – Foto: Leo Munhoz – ND

O prédio foi batizado com o nome do desenhista Domingos Fossari por força da lei municipal 2.770, de 1987, e tombado como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico do município pelo decreto 242/97, na gestão da prefeita Angela Amin.

Secretaria fez reforma no piso, ladrilhos e pintura 6a733s

Foram feitos a recuperação do piso de madeira, o tratamento dos ladrilhos originais do corredor principal e a recuperação da pintura e da iluminação - Leo Munhoz - ND
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Foram feitos a recuperação do piso de madeira, o tratamento dos ladrilhos originais do corredor principal e a recuperação da pintura e da iluminação - Leo Munhoz - ND
“Era um prédio grande para a época, voltado para a antiga praia e com estilo arquitetônico parecido com outras edificações da época, como os portais das fortalezas do século 18” - Leo Munhoz - ND
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“Era um prédio grande para a época, voltado para a antiga praia e com estilo arquitetônico parecido com outras edificações da época, como os portais das fortalezas do século 18” - Leo Munhoz - ND

O secretário de Segurança de Florianópolis, coronel Araújo Gomes, diz que o prédio, sendo tombado, não pode ter sua estrutura alterada, mas nos últimos anos houve a recuperação do piso de madeira, o tratamento dos ladrilhos originais do corredor principal e a recuperação da pintura e da iluminação. “A Guarda Municipal usava as instalações, mas poucos conheciam a origem e os antigos usos da edificação”, afirma o coronel.

O secretário de Segurança de Florianópolis, coronel Araújo Gomes, diz que o prédio, sendo tombado, não pode ter sua estrutura alterada – Foto: Leo Munhoz – NDO secretário de Segurança de Florianópolis, coronel Araújo Gomes, diz que o prédio, sendo tombado, não pode ter sua estrutura alterada – Foto: Leo Munhoz – ND

“Era um prédio grande para a época, voltado para a antiga praia e com estilo arquitetônico parecido com outras edificações da época, como os portais das fortalezas do século 18”. Quando a Guarda foi para lá, houve polêmica e críticas porque se entendia que o espaço deveria ser destinado a atividades turísticas ou culturais.

O documento que embasou o processo de tombamento, elaborado pelo Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), diz que a edificação “é constituída de alvenaria ordinária de tijolos, com madeiramento de lei, tirado, em sua maioria, das matas do Sul da Ilha de Santa Catarina”.

O prédio foi construído com os pavimentos térreo, com uma pequena parte subterrânea (que existe até hoje), e superior, de menores dimensões. A área total construída é de 1.308,84 metros quadrados, sendo 1.015,12 metros no pavimento térreo, 201,85 metros no piso superior e 91,87 metros no pavimento inferior.

Quando a Escola de Aprendizes Marinheiros funcionou ali, entre 1907 e 1943, a parte térrea contava com dois salões para aulas, um saguão que servia como corpo de guarda, dois paióis para fardamento e sobressalentes, uma enfermaria, alojamentos, refeitório, cozinha, banheiros e latrinas. No pavimento superior ficavam a secretaria, a sala de visitas, farmácia, quatro quartos e dois refeitórios.

Edifício não é destaque nos livros de história 2o5n4e

Chama a atenção que o prédio criado para ser a Hospedaria dos Imigrantes no fim do século 19 também recepcionou milhares de pessoas quando funcionou como Portal Turístico, entre 1984 e 2008. Os historiadores do Estado nunca deram grande importância para a edificação, tanto que raramente a citam em seus livros.

O Arquivo Histórico de Florianópolis (que poderia ter dados acerca dos imigrantes que aram pelo local) guarda inúmeras caixas de documentos sobre a cidade, mas não se conhece o teor desse material, que ainda está sem catalogação. Sabe-se que o espaço tinha uma vista privilegiada da cidade e da baía Sul, ainda sem as pontes que ligavam Ilha e Continente, e que podia abrigar até 250 pessoas.

A primeira reforma de que se tem notícia ocorreu em 1905, quando o Tesouro do Estado relatou despesas num período em que o prédio já não era mais uma hospedaria e abrigava a Estação Agronômica e Veterinária, até então situada na Ilha de Santa Catarina.

Outro uso de longa duração foi nos anos em que ali esteva alojada a Escola de Aprendizes Marinheiros, entre 1907, no governo de Gustavo Richard, e 1943. Outra intervenção ocorreu entre 1909 e 1910, após a compra de uma área contígua, permitindo a ampliação do quartel da escola e modificações nas partes interna e externa do edifício.

A área continental de Florianópolis já pertenceu ao município de São José, incluindo a parte onde ficava originalmente a Hospedaria dos Imigrantes. Em 1944, o chamado bairro João Pessoa foi anexado a Florianópolis, reduzindo o trauma que representava para o Estado ter a menor Capital do país em extensão territorial.

Estreito já teve porto e forte de defesa na antiga Desterro 3f404z

Bem antes disso, a região do atual distrito do Estreito foi citada por vários navegadores estrangeiros, que falavam da fertilidade do solo e da grande variedade de produtos agrícolas ali cultivados. Mercadorias chegavam ao Desterro, antigo nome de Florianópolis, em embarcações a remo. Depois, empresas foram organizadas para fazer o traslado de pessoas, até que os botes foram substituídos por lanchas a vapor.

Essa movimentação proporcionou o surgimento de hotéis e pensões no Continente, e a consequente expansão do comércio. As acomodações se tornaram indispensáveis porque as lestadas e o vento Sul nem sempre permitiam a travessia para a ilha quando os viajantes desejavam. Só com a ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926, é que esse tipo de percalço foi removido.

Com a inauguração de um grande matadouro de gado no Estreito, em 1842, o bairro ganhou uma importância econômica sem precedentes. Antes disso, relatos dão conta de que o gado atravessava o canal a nado, com a ajuda de barqueiros que tentavam evitar a perda de animais durante a operação de travessia. O Estreito também abrigou um porto madeireiro e uma pequena fortaleza (forte São João) que cruzava fogos com os fortes Santa Bárbara e Santana, localizados na ilha, para a defesa da cidade.

Linha do tempo l2c6u

  • 30/7/1890 – Inauguração da Hospedaria dos Imigrantes
  • 14/9/1904 a 1906 – O prédio abriga a Estação Agronômica e Veterinária
  • 2/9/1907 – A Escola de Aprendizes Marinheiros a a funcionar no prédio
  • 18/8/1908 – Transferência do imóvel à Marinha
  • 1943 – Fechamento da Escola de Aprendizes Marinheiros
  • 1943 a 1956 – Período sem dados sobre a utilização do edifício
  • 1/8/1956 – Fundação da Escola Agrupada de Coqueiros
  • 1/1/1960 – Modificação do nome do estabelecimento para Escola Reunida Almirante Carvalhal
  • 1982 – Registro do prédio como Galera Clube e depósito do estaleiro
  • 1982 a 1984 – Período em que o edifício esteve abandonado
  • Julho a dezembro de 1984 – Início e conclusão das obras de recuperação do prédio, que se tornou o Portal Turístico de Florianópolis
  • 22/12/1987 – Lei municipal denomina a edificação como Domingos Fossari
  • 28/5/1997 – Tombamento do prédio como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico do município de Florianópolis
  • 2008 – Fim do Portal Turístico e início das operações da Guarda Municipal de Florianópolis
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