A mordida delas é temida e assustadora para muitas pessoas. Com uma boca que pode abrir até 150 graus e comer um animal de cerca de 4 quilos, as jiboias (Boa constrictor constrictor) chamam atenção e causam medo. Porém, um vídeo publicado pelo biólogo Jackson Preuss, de São Miguel do Oeste, no Extremo-Oeste de Santa Catarina, mostra de perto como são os dentes da cobra e desmistifica alguns mitos.

Em seu perfil na internet, o biólogo demonstrou como faz a avaliação da dentição de sua jiboia Morena, de 13 anos. Com cerca de 2 metros e 11 kg, a cobra vive, junto com outras duas jiboias, em um terrário adequado dentro da casa de Preuss.
O biólogo explica que as jiboias não são animais que dão sinal quando estão doentes, mas uma das formas de identificar qualquer alteração é por meio da avaliação da coloração e da presença de alguma mudança na boca da cobra.
“Elas podem desenvolver estomatites e quando vemos ulcerações na boca, por exemplo, isso demonstra que alguma coisa está errada. Algumas vezes pode ter relação com alteração do ambiente em que estão vivendo, temperatura inadequada, alimentação ou até mesmo uma infecção”, pontua.
Mordida é fatal? 6es1l
Preuss esclarece que ao contrário do que muitos imaginam, a mordida de uma jiboia não é fatal, muito menos venenosa. Elas utilizam os dentes apenas para segurar as presas e não são usadas nem mesmo para mastigar, isso porque as cobras engolem o alimento inteiro. O tipo de dentição das cobras é chamado de áglifa.
“As jiboias têm grande quantidade de dentes, mas não tem capacidade de inocular veneno. Possuem duas fileiras de dentes no maxilar, na parte de cima, e uma fileira na mandíbula, na parte inferior, o que torna a estrutura da boca preparada. Os dentes são curvados e em fileiras inteiras para segurar e ajudar na ingestão”, especifica.
Processo de ingestão 24453c
O processo de ingestão de uma presa pode levar cerca de 10 minutos. A presa, segundo o biólogo, é morta por meio de um infarto. Isso porque as cobras a seguram por um longo período o que aumenta a pressão cardíaca do animal. “Enquanto tiver qualquer pequeno movimento da presa, a cobra não começa a ingestão.”
O biólogo observa que os dentes das jiboias podem cair até mesmo durante a alimentação, mas isso não é um problema porque eles não são permanentes assim como os dos humanos. “A dentição das cobras tem capacidade de se reconstruir rapidamente.”
Morena e as outras duas jiboias de Preuss se alimentam a cada 25 dias de ratos e coelhos mortos. Já na natureza, o biólogo explica que elas se alimentam de qualquer tipo de animal vertebrado.
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Biólogo fez avaliação da dentição da jiboia morena. – Vídeo: Jackson Preuss/Arquivo Pessoal