Comum do Norte ao Sul de Santa Catarina, a Micrurus corallinus é uma espécie de cobra coral verdadeira cujo veneno é considerado o mais letal do Brasil, pela velocidade que se espalha pela corrente sanguínea e a gravidade dos danos causados ao sistema nervoso.
Para conhecer melhor a espécie, o ND+ conversou com o biólogo Gilberto Ademar Duwe, de Jaraguá do Sul, especialista em resgate de fauna silvestre e educação ambiental. Confira!

“No Brasil, temos mais de 30 espécies de corais verdadeira e mais de 60 espécies de corais que chamamos de ‘falsas’, pois não apresentam peçonha (veneno) ou, se apresentam, não são letais aos seres humanos” explicou Duwe.
De acordo com o biólogo, “em tese, poderia se dizer, pelas características, que o veneno da coral é o mais perigoso e o mais potente do país”.
Ele complementou que “a questão de [a ação do veneno] ser ou não ser mais potente varia muito de situação em situação. Por exemplo, se uma jararaca pica uma pessoa em uma área de grande vascularização, como artérias, pode ser até mais perigoso que uma picada de coral verdadeira. Depende do local do corpo e do organismo da pessoa”.
Duwe destacou também que, embora seja o veneno mais letal, ele corresponde a apenas 1% dos casos de acidentes com cobras no Brasil.
Essa espécie se alimenta de outras cobras, podendo comer até outras espécies que tenham o seu mesmo tamanho, gostam principalmente das cobras-d’água e dormideira. Elas costumam ficar próximas do solo, em uma vegetação chamada de serra pilheira.
Em casos de encontro com qualquer um desses animais, o biólogo faz um alerta: “Sempre que se deparar com uma cobra coral de coloração muito vermelha, considere como sendo uma coral verdadeira, peçonhenta. O recomendado é não tentar entrar em Google, procurar regra na internet, não funciona assim. Só quem é especialista sabe identificar uma coral verdadeira de uma falsa.”
“Nessas situações, entrar em contato com algum órgão responsável para fazer a remoção do animal”, recomendou Duwe.
Efeito do veneno no organismo 1h241g
A professora de Patologia e Toxicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Marlene Zannin, atualmente aposentada, explicou como funcionam os efeitos do veneno desta espécie no organismo humano e os sintomas.
De acordo com Marlene, “o veneno da M. corallinus tem atividade neurotóxica e age na junção neuromuscular de nervos motores”. “Sua ação principal é pré-sináptica, impedindo a liberação do neurotransmissor Acetilcolina (hormônio relacionado diretamente com a regulação da memória, do aprendizado e do sono)”, acrescentou.
Primeiros sintomas e onde procurar o antiveneno q2e1z
Marlene explicou que os sintomas normalmente começam nos músculos mais próximos do tronco e evoluem para o diafragma. O quadro mais grave é a paralisia respiratória. Se o paciente chega a este quadro, precisará de e avançado em UTI para respirar com ajuda de respiradores.
Na Grande Florianópolis, o antiveneno para o veneno da cobra coral está disponível no HU (Hospital Universitário), no HIJG (Hospital Infantil Joana de Gusmão) e no Hospital Regional.